terça-feira, 10 de maio de 2011

A ORIGEM (Christopher Nolan)

Neste filme, há algumas observações interessantes sobre os sonhos:

1) É possível haver um sonho dentro do outro. O sonhador sonha que está sonhando.
2) No sonho, o sonhador nunca sabe como chegou ao local onde está.
3) Pode-se sonhar por poucos minutos, e no sonho parece que passaram muitas horas.
4) No sonho há perspectivas de espaço que são impossíveis na vida real.
5) O sonhador nunca se vê morrer no sonho; logo antes do momento final, acorda.

O Supereu visto por Marta Gerez Ambertin

Em 27 e 28 de agosto de 2010, ocorreu no Instituto Sedes Sapientiae um evento organizado pelo departamento de Psicanálise da Criança: “Supereu: Teoria e Clínica”, com seminário clínico, conferência e cursos oferecidos pela psicanalista argentina Marta Gerez Ambertín. Tive oportunidade de participar da conferência (Supereu, ideais e cultura e seus efeitos na clínica psicanalítica) e do curso módulo I (Particularidades do Supereu em Freud e Lacan).

Segundo o pensamento de Marta, o Supereu é o saldo da hostilidade da lei não reguladora dos Nomes-do-Pai (Lacan percebeu que precisava pluralizar a metáfora) que comanda a subjetividade desde seus imperativos hostis (segundo Freud), ou desde seus imperativos de gozo (segundo Lacan). O Supereu em Freud e Lacan é a versão intrusiva e não regulada – corpo estranho e traumático – da pulsão de morte que oprime o sujeito. Por isso configura o revês do desejo e o chamado ao gozo.

A psicanalista apontou para uma confusão que por vezes se faz entre Ideal de Eu e Supereu, cujas raízes estão no texto de Freud, “Introdução ao Narcisismo”, quando ele descobriu uma nova instância psíquica à qual deu o nome de Ideal de Eu. No texto de 1914, Freud aponta esta instância como moção maligna que ameaça constantemente, mas que também teria a função de preservar o narcisismo. Marta Ambertín sustenta que Freud estava tratando de dois territórios, usando um nome apenas (Ideal de Eu). E informa que esta confusão entre o Ideal de Eu e o Supereu permaneceu até que, na Conferência de 1931, Freud demarcou as seguintes diferenças:

O Ideal de Eu seria um reflexo da face amorosa do pai, que traria ao sujeito uma observação benévola de si e o regozijo do Eu. Seria efeito da repressão secundária e da identificação edípica, e mediria a distância entre o ideal e o Eu. Enquanto que o Supereu seria reflexo da face devastadora do pai, tecendo para o sujeito constantes observações excessivamente críticas de si, inundando o sujeito de reprovações, consciência moral e censuras, e incessantemente criticando a distância entre o Eu atual e o Eu ideal. Seria efeito da identificação primária, e se produziria por incorporação.

Marta salientou que Melanie Klein foi a primeira a enfatizar o aspecto sádico, feroz, hostil e cruel do Supereu. Lacan o trabalhou como a face mortífera da idealização. Marta o abordou como instância que vocifera e comanda de forma insensata, e apontou que a raiz do Supereu é a parte amputada, o coto, da palavra que vem do outro, e encontra no desamparo seu terreno para se infiltrar e sitiar o sujeito por dentro.

Marta Gerez Ambertin dedicou 14 anos para escrever o livro “As Vozes do Supereu”.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

“A psicanálise é uma possibilidade que se oferece ao sujeito para a reabertura do seu sistema interpretativo, de maneira a permitir o exame de seus conflitos, que conduziram à estagnação atual.”
(Joel Birman – Sujeito, Singularidade e Interpretação em Psicanálise. In: Tempo Psicanalítico)